CURANDEIRO
Hoje acordei sem réstia de memória!
senti uma tranquila paz
que me conforta dos dias amargos
e das ofensivas acções contra a história
deste tempo que não volta atrás
quando a pátria sofre irreversíveis estragos.
Já não sinto a saudade...
dos afagos irrequietos duma mulher
nem sequer quero ir à cidade
onde se compra o amor que se quer.
Olho para o modesto cemitério
e vejo a morte em suspenso...
os mortos ainda não estão enterrados
porque um avião de bom-senso
espera o embarque dos encaixotados.
Perante o infortúnio maldito
que se abate sobre esta geração
ouço os companheiros a desabafar
nestas manhãs tranquilas, sem um grito
e sinto os amargos no coração
tantos que nos fazem chorar!
Envolvido neste espaço da bruma
com o silêncio dos gemidos de dor
e as bocas cheias de espuma,
vamos fomentar a paz e o amor
até ao clarear de qualquer dia
que nos envolva na serena alegria.
Caminho sobre o rumo da história
que uma pátria me anuncia
quando sinto despojada a memória
dos valores que a humanidade cria.
Agora que as mentes rasgam o mapa
dos nossos encantados descobrimentos
pouco restará desta rude trapa
além das amarguras e tormentos:
mágoas nos corpos sofridos
que vão rasgando o pensamento
e as fráguas nos olhos humedecidos
tentam mudar o rumo do vento.
Já pouco espero da trágica guerra
quando dos olhos brotam lágrimas tristes
que fazem desejar o regresso à terra
na convicção de que ainda existes.
É assim que eu iludo a memória
nesta vertigem das lágrimas perdidas
com os farrapos da nossa história
vamos curando as nossas feridas.
Macomia, Abril de 1967
Hoje acordei sem réstia de memória!
senti uma tranquila paz
que me conforta dos dias amargos
e das ofensivas acções contra a história
deste tempo que não volta atrás
quando a pátria sofre irreversíveis estragos.
Já não sinto a saudade...
dos afagos irrequietos duma mulher
nem sequer quero ir à cidade
onde se compra o amor que se quer.
Olho para o modesto cemitério
e vejo a morte em suspenso...
os mortos ainda não estão enterrados
porque um avião de bom-senso
espera o embarque dos encaixotados.
Perante o infortúnio maldito
que se abate sobre esta geração
ouço os companheiros a desabafar
nestas manhãs tranquilas, sem um grito
e sinto os amargos no coração
tantos que nos fazem chorar!
Envolvido neste espaço da bruma
com o silêncio dos gemidos de dor
e as bocas cheias de espuma,
vamos fomentar a paz e o amor
até ao clarear de qualquer dia
que nos envolva na serena alegria.
Caminho sobre o rumo da história
que uma pátria me anuncia
quando sinto despojada a memória
dos valores que a humanidade cria.
Agora que as mentes rasgam o mapa
dos nossos encantados descobrimentos
pouco restará desta rude trapa
além das amarguras e tormentos:
mágoas nos corpos sofridos
que vão rasgando o pensamento
e as fráguas nos olhos humedecidos
tentam mudar o rumo do vento.
Já pouco espero da trágica guerra
quando dos olhos brotam lágrimas tristes
que fazem desejar o regresso à terra
na convicção de que ainda existes.
É assim que eu iludo a memória
nesta vertigem das lágrimas perdidas
com os farrapos da nossa história
vamos curando as nossas feridas.
Macomia, Abril de 1967
(autor desconhecido)
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