domingo, agosto 27, 2006

Pescando em águas turvas (002)


Encontrei-o hoje, ao fim da tarde.
Estava tristonho, macambúzio, falando com o seus botões.....em tom muito baixo......quase sussurrando.
Que se passa? Perguntei-lhe eu
- Algo de estranho......muito estranho.
Há muitos anos que estou por aqui, muita coisa estranha
tenho visto..............porém, nada como isto eu já havia visto.
Deve ser mesmo muito estranho, disse-lhe eu, tentando fazê-lo regorgitar as palavras que, dava a sensação estarem presas no fundo do seu ser.
Ele que sempre fora de palavra fácil, estava com dificuldade em encontrar os vocábulos que pudessem exprimir o que sentia.
Ao fim de mais alguns minutos de silêncio e de olhar fixo no vazio do infinito, diz-me:
- É verdade amigo. É mesmo muito estranho. Não sei se é sinal dos tempos. mas acabo por me sentir mal ao ver até que ponto vai a pulhice humana. E eu que pensava que nos meus tempos é que os pulhas tinham tido a sua época áurea.....eu que até fui vitima da pulhice dessa época, nunca imaginei vir a assistir a uma cena destas.
Imagine o amigo, que alguém é penalizado por ser íntegro, competente e honesto. Alguém que ao fim de 26 anos de trabalho esforçado e exemplar, se vê atirado para o lixo, apesar de publicamente lhe terem sido reconhecidos todos os méritos e qualidades, já citadas, no desempenho da sua actividade ao serviço das populações e da coisa pública.
Será que o amigo consegue entender isto? Pergunta-me e prossegue sem me dar tempo para responder.
- Olhe Amigo....ainda bem que me encontro de costas voltadas para o local onde tais estranhos acontecimentos ocorrem...

E ao fim de uns longos segundos de profundo silêncio, lá lhe consigo dizer:
- É verdade amigo Bocage. Muito estranhos são os tempos de hoje.

Gilberto Jesus

sábado, agosto 26, 2006

Tempo



O tempo no seu cavalgar

Corre inexoravelmente.

Ora em tropel,

Ora a trote,

Mas corre, corre...

Corre sempre devagar,

Se estás triste

E voa nas asas do vento,

Se vives um bom momento

Lucia Ribeiro

(in SENSUALidade 1)

Galeão do Sal


É neste tipo de embarcações (ex-galeões utilizados no transporte de sal) que se fazem hoje maravilhosos passeios na Reserva Natural do Estuário do Sado.

Nesses passeios náuticos, conseguem normalmente observar-se, também, elementos da colónia residente de golfinhos.

Os golfinhos que aqui habitam, em número que ronda as quatro dezenas, são da espécie "roaz-corvineiro".

Existem 3 galeões do sal que foram recuperados e que se dedicam a esta actividade.

Um deles, o "Zé Mário" (na foto), é pertença da própria Reserva Natural do Estuário do Sado e do Parque Natural da Arrábida. Estas organizações estão integradas no ICN (Instituto de Conservação da Natureza).

quarta-feira, agosto 23, 2006

Pescando em águas turvas (001)


Hoje, o Presidente da Câmara de Setúbal, apresentou o seu pedido de demissão.
Tinha sido reeleito, com maioria absoluta, há cerca de um ano.
Estamos perante mais um caso de manobras sujas da política partidária.
Política essa, que não se detém, perante nada, nem sequer pela defesa dos interesses da população, que elege os seus representantes.
Com que direito, um partido que apresentou um candidado a eleições, e em que esse mesmo candidato recolhe a maioria dos mandatos, se permite retirar-lhe a confiança política, sem justificação, e perdir-lhe que se demita?
Com que direito, esse partido (neste caso o PCP) "manda para o lixo" dezenas de milhares de votos dos eleitores?
Onde está o respeito pela vontade do eleitorado, expressa nas urnas?
Não é com dirigentes políticos destes, que este país vai a algum lado.

Gilberto Jesus

segunda-feira, agosto 21, 2006

Mar Meu


Mar meu, alma minha,
Que conheço tão pouco
E tão devagar...

Tu mar, és parte de mim.
Tal como eu, tu tens altos e baixos:
Às vezes és calmo,
Outras mais agitado,
E outras ainda, colérico.
Tuas ondas são meus delírios,
Tuas marés meus estados de alma.

Ao olhar-te,
É como se fora sempre pela primeira vez...
Num êxtase sublime!
Ao deixar-te,
É como se fosse sempre pela última vez...
Com uma sensação de perda e abandono,
Irreparáveis.

Lúcia Ribeiro
(in SENSUALidade 1)

domingo, agosto 20, 2006

Reconhecido Agradecimento

Quero deixar aqui publicamente expresso o meu sincero agradecimento, à pessoa AMIGA que sacrificou um domingo, para que este Blog tivesse pés para andar.
A ti Nanda, o meu sincero MUITO, MUITO OBRIGADO.

Gilberto

roaz