sábado, novembro 21, 2009

Outono


Em uma Tarde de Outono
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Outono. Em frente ao mar. Escancaro as janelas
Sobre o jardim calado, e as águas miro, absorto.
Outono... Rodopiando, as folhas amarelas
Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto...
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Por que, belo navio, ao clarão das estrelas,
Visitaste este mar inabitado e morto,
Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas,
Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto?
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A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos
A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos...
Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol!
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E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste,
E contemplo o lugar por onde te sumiste,
Banhado no clarão nascente do arrebol...
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Olavo Bilac, in "Poesias"

1 comentário:

  1. Outono
    J. G. de Araújo Jorge

    O outono já chegou - aos arrufos do vento
    as folhas num desmaio embalam-se pelo ar...- vão caindo... caindo... uma a uma, em desalento
    e uma a uma, lentamente, vão no chão pousar...

    O céu perdeu o azul - vestiu-se de cinzento
    e envolveu na neblina a luz baça do luar...
    - na alameda onde vou, de momento a momento,
    há um gemido de folha a cair e a expirar...

    O arvoredo transpira as carícias dos ninhos,
    e o vento a cirandar na curva das estradas
    eleva o folhareu no espaço em redemoinhos...

    Há um córrego a levar as folhas secas em bando...
    - e à aragem que soluça entre as ramas curvadas,
    parece que o arvoredo em coro está chorando!...

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